Em duas ocasiões, o Caderninho SABÓ apostou que o resultado de 2024 seria muito bom. Acertamos! E agora em 2025? Podemos repetir ou quem sabe dobrar a aposta? A gente acredita que sim.
Nas edições de janeiro e julho do ano passado, o Caderninho SABÓ fez uma aposta que os resultados daquele ano seriam muito bons para todos os elos do mercado de reposição de autopeças.
Bola de cristal, jogo de búzios? Nada disso. Apenas análise fria e realista dos indicadores do mercado e das projeções dos resultados junto com as entidades que monitoram a produção e venda de autopeças e as empresas de reparação automotiva.
Na metade do ano de 2024, a projeção do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), estimava um crescimento de 6,1%, o que representava um faturamento estimado de R$ 202,7 bilhões. Até o fechamento desta matéria o Sindipeças já registrava um crescimento de 9,6% em relação a 2023.
Já o mercado das oficinas de reparação automotiva estimava que o crescimento do período seria próximo de 15%, segundo monitoramento realizado pela CINAU – Central de Inteligência Automotiva, unidade de pesquisa, BI-Business Intelligence e Consultoria do Grupo Oficina Brasil. Ainda não confirmado, mas com muita probabilidade de ser até maior que o previsto.
Mas o que mais anima a prevermos um resultado ainda melhor em 2025 são os indicadores e tendências do mercado para o ano que acabou de iniciar.
O primeiro fato é que o mercado automotivo brasileiro alcançou destaque mundial em 2024, tornando-se o segmento de maior crescimento global.
O Brasil encerrou 2024 como o mercado automotivo que mais cresceu entre os dez maiores do mundo. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), tivemos um aumento de 15% nas vendas de veículos novos no país, quando comparado aos 12 meses do ano anterior.
Esse é o maior crescimento percentual do setor desde 2007. Foram emplacados 2.654 milhões de veículos leves e pesados em 2024, contra 2.309 milhões no ano passado. Esse resultado, coloca o Brasil como o maior crescimento entre os 10 principais mercados globais de veículos, ficando à frente de países como o Canadá (10,5%), o México (9,4%), a China (3,8%) a Índia (3,4%), Estados Unidos (2,8%), entre outros.
Esse bom desempenho na produção de veículos novos, também, refletiu no aumento da oferta de empregos, com a criação de 100 mil vagas de trabalho na cadeia automotiva.
Para 2025, a Anfavea projeta um crescimento de 5,6% nas vendas, com 2.802 milhões de veículos emplacados. A produção deve subir 6,8%, alcançando 2,749 milhões de unidades. As exportações também devem se recuperar, com uma alta prevista de 6,2%, chegando a 428 mil unidades.
Outro setor que também registrou ótimo resultado em 2024 foi o mercado brasileiro de carros usados. Foram comercializados mais de 15,7 milhões de veículos, crescimento de 9,2% em relação a 2023, o maior número registrado desde 2011, segundo dados da Federação dos Revendedores de Veículos Usados (Fenauto).
A alta na venda de veículos novos e nas vendas de usados ocasionou para um aumento significativo na comercialização de seminovos (0 a 3 anos de uso). Essa categoria registrou 2,5 milhões de vendas em 2024, e a tendência é de crescimento em 2025.
Esse melhor resultado no setor de novos, seminovos e usados indica que haverá um incremento no volume de clientes do setor de reparação automotiva e um reflexo positivo no comércio de autopeças, fruto das manutenções corretivas e preventivas, além das revisões necessárias quando da aquisição de um veículo usado ou mesmo seminovo.
A escolha por veículos usados e seminovos não só alavanca o comércio de automóveis, mas também movimenta o mercado de reposição de peças. À medida que a demanda por esses veículos cresce, aumenta também a necessidade de manutenção e substituição de componentes, o que resulta em um ciclo virtuoso para distribuidores e comerciantes de autopeças, além de oficinas e centros automotivos.
O aquecimento do comércio de veículos impacta diretamente em toda a cadeia do setor automotivo e isso reforça a importância do setor de reposição, tornando-o um agente importante para a sustentabilidade do mercado automotivo.
As oficinas e lojas de autopeças têm visto um aumento na demanda por serviços e produtos, uma vez que veículos seminovos, embora mais acessíveis, frequentemente requerem manutenções e substituições de peças para manterem seu desempenho e segurança.
Já em 2024, o aumento na frota de veículos movimentou positivamente o segmento de serviços automotivos. Oficinas em todo o Brasil registraram alta expressiva na taxa de ocupação de suas instalações e na venda de mão de obra, além de tíquetes médios com valor mais elevado, em boa parte causado pela maior tecnologia das peças de reposição necessárias para os serviços.
Com isso, o mercado de reposição de autopeças movimentou quase 260 bilhões de reais em 2024, impulsionado pela necessidade de manutenção da frota crescente. Essa movimentação reforça a importância do setor para a economia do país.
Mas nem tudo são boas notícias.
Junto com o aumento na frota de veículos (o que significa um aumento no estoque de veículos candidatos a serviços de reparação) e a idade média da frota alta, existe também a maior diversificação do estoque para atender uma gama muito ampla de modelos – mais de 2.400 modelos e 15.699 versões, segundo dados da Fraga Inteligência Automotiva.
Essa diversificação da frota de veículos – inclusive com a novas tecnologias de modelos híbridos e elétricos, exige das empresas de comércio atacadista e varejista de autopeças um grande esforço para ter muita variedade de peças para atender às oficinas.
Outros desafios, só que para as empresas de reparação, são: manter as ferramentas e equipamentos de diagnóstico atualizados, a disponibilidade de acesso às informações técnicas, além da escassez de mão de obra, que ainda permanecem sendo gargalos para um crescimento maior e melhor rentabilidade nos serviços de reparação automotiva.
A reparação enfrentará sempre a situação da falta de acesso às informações de dados para manutenção dos veículos, gerando dificuldades para obter softwares que sejam compatíveis e habilitados para programar módulos ou escanear os sistemas automotivos, cada vez mais complexos e com maior participação da eletrônica embarcada nos veículos.
Por fim, as taxas elevadas de juros impedem um maior volume de negócios em toda a cadeia automotiva, desde a venda de veículos, sejam eles novos, seminovos ou usados, no incremento e modernização das linhas de fabricação das indústrias de autopeças, refletindo, também nos investimentos das empresas de prestação de serviços automotivos.
Mesmo assim, mantemos a aposta: 2025 vai ser mais que bom! Podem nos cobrar em dezembro.