Onde está o motorista? Não precisa. Depois da automação de tratores, colheitadeiras e outras máquinas agrícolas, chegou a vez dos veículos de serviços, como ônibus e caminhões, experimentarem a direção autônoma no Brasil. Confira.

Este caminhão VW Constellation 31.280 transporta a colheita da cana-de-açúcar do campo até os armazéns da indústria sem a intervenção do motorista em nenhuma etapa do percurso. Imagem: VWCO – Divulgação.
Apresentado durante as feiras agrícolas, a automação das máquinas no campo utiliza diversas tecnologias existentes, como visão computacional avançada, Inteligência Artificial, sistema de posicionamento, conexão e gerenciamento digital, permitindo que o produtor rural ganhe produtividade e mais eficiência, com total segurança e controle da operação.
A mesma experiência do campo chegou, também, nos ônibus e caminhões, embora ainda na forma de testes e operações em áreas fechadas, transformando o transporte de cargas e passageiros em uma operação 100% autônoma, ou seja, sem a presença do condutor.
Um protótipo de ônibus 100% autônomo foi apresentado na metade do ano passado (2023) pela fabricante Marcopolo em parceria com a startup de mobilidade autônoma Lume Robotics, ambas empresas brasileiras.
O primeiro protótipo nacional de um veículo comercial de passageiros que funciona sem um motorista utiliza um micro-ônibus do modelo Attack 8, da marca Volare, que é controlada pela Marcopolo, e foi produzido na linha de fabricação convencional da marca e depois adaptado com um sistema de automação, que comanda direção, freios, acelerador e câmbio.
O projeto atua com base em sensores instalados no micro-ônibus, que conseguem mapear todo o ambiente ao redor do protótipo, registrando, por exemplo, a presença de outros veículos, obstáculos na pista e pessoas atravessando, e dados são transmitidos diretamente para um sistema de Inteligência Artificial que também fica dentro do veículo. Desta forma, todo o processo é feito por cabos e não depende de internet em nenhuma etapa.
Embora não exija nenhuma ação do condutor, o veículo possui um botão para que um elemento humano assuma o comando do veículo. Ao ser acionado, ele faz uma parada de emergência, desligando totalmente o modo autônomo e travando o freio do micro-ônibus.
Por enquanto, os testes estão sendo executados em ambientes controlados, já que a legislação do país ainda não permite a circulação de veículos autônomos em vias públicas, além do fato que as cidades não oferecem a infraestrutura necessária para a operação de veículos autônomos.
Outro segmento de transporte que também já faz testes com direção autônoma são os caminhões, sendo que neste caso já existem caminhões autônomos no Brasil operando e trazendo benefícios.
Algumas empresas que atuam no país já utilizam esse tipo de transporte em operações confinadas na indústria, na logística de armazéns e até na colheita de cana.
A VW foi a primeira a apresentar, em 2022, um protótipo de caminhão autônomo nível 2 (veja descritivo do nível de automação no quadro abaixo). Na época, o veículo estava em fases de testes, atuando no transporte de cana-de-açúcar do local de colheita para a indústria. Essa tarefa ficava a cargo de um modelo VW Constellation 31.280 8×4 equipado com a tecnologia de direção sem motorista desenvolvida pela Raven.
A Mercedes-Benz Brasil também é uma das pioneiras na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia e, junto com a Ypê, marca de produtos de limpeza e higiene, implantou quatro unidades do Mercedes-Benz Atego 1730 de direção autônoma e operação, no suporte à logística no interior dos centros de distribuição da empresa na cidade de Amparo, no interior paulista.
A tecnologia empregada permite que o caminhão mantenha a trajetória definida previamente, controle de velocidade e reconhecimento de obstáculos, sinalização, pedestre ou animais na via.
Níveis de direção autônoma em caminhões
A direção autônoma permite a condução sem motorista. A tecnologia utiliza da combinação de softwares, sensores e câmeras para controlar, navegar e dirigir o veículo com segurança nos seguintes níveis:
Nível 1 – auxílio ao motorista, como piloto automático, controle de cruzeiro adaptativo, entre outros recursos;
Nível 2 – automação parcial, que permite ações automatizadas, como pedais se moverem sem acionamento humano e tráfego por poucos quilômetros sem interferência humana;
Nível 3 – extensão do nível 2, com a possibilidade do veículo tomar direções automaticamente;
Nível 4 – veículo se move sozinho com ajuda da inteligência artificial, mas pode solicitar a interferência humana;
Nível 5 – ainda não alcançado. A ideia é a direção sem interferência humana nas vias públicas.