O teste de vazamento de cilindros é uma operação rápida e fácil que permite diagnosticar problemas internos na câmara de combustão, nos cilindros, pistões, anéis, válvulas, junta do cabeçote e trincas, sem necessidade desmontar o motor.
A operação consiste em injetar ar comprimido na câmara de combustão com o pistão em PMS, com um equipamento apropriado instalado no orifício da vela de ignição. Esse simples teste pode ser realizado com um medidor analógico, um transdutor de pressão, que é um dispositivo que mede a pressão num determinado local do sistema e converte a informação num sinal que possa ser lido por um instrumento, ou até mesmo avaliando o consumo de corrente na partida.
O teste de compressão relativa feito com um osciloscópio pode ser usado para determinar se há uma perda de compressão rapidamente. Ao medir o consumo de corrente da bateria do motor de partida, a forma de onda mostra o motor de partida girando o virabrequim e o evento de compressão dentro do cilindro.
Se um cilindro perdeu compressão, o motor de partida precisa de menos energia para girar o virabrequim durante o curso de compressão de um determinado cilindro na ordem de disparo – a forma de onda mostrará um pico mais baixo. Se você usar um segundo canal conectado ao primário de uma bobina e conhecer a ordem de disparo, poderá determinar o cilindro afetado. Mas, se a compressão for baixa em todos os cilindros, o teste de compressão relativa pode ser inconclusivo.
Onde está a perda de compressão?
Quando ocorre uma perda de compressão em um único cilindro, você deve primeiro determinar o que está vazando. Os gases da câmara de combustão podem vazar para o cárter, válvulas de admissão, válvulas de escape ou passar pela junta do cabeçote.
Uma junta do cabeçote com vazamento é fácil de detectar usando um testador para determinar se há subprodutos da combustão no sistema de arrefecimento. Pressurizar o sistema de arrefecimento pode revelar ainda mais detalhes sobre a condição da junta do cabeçote.
A causa da perda de compressão
Depois de saber o que causou a perda de compressão, você precisa entender o porquê. Um boroscópio ou endoscópio permite que você veja o interior de um cilindro, coletor de admissão ou escapamento, permitindo que você veja qualquer dano. Mas, em alguns casos, tirar a cabeça do cilindro ou coletor de admissão pode ser a melhor opção.
Testes de vazamento e compressão permitem diagnósticos rápidos e confiáveis. Embora pouco utilizados pelos reparadores, estes procedimentos são de grande valor no diagnóstico de defeitos do motor. Vamos ver algumas dicas sobre como realizá-los.
Para realizar este teste deve se seguir alguns procedimentos:
O motor deve estar aquecido na temperatura ideal de trabalho.
1. As velas de ignição devem ser removidas.
2. O pistão do cilindro a ser medido deve apresentar em 0 grau PMS
3. Os injetores e bobina de ignição devem ser desligados.
4. A borboleta de aceleração deve estar aberta.
5. O manômetro do equipamento deve ser ajustado em zero e conectar no motor.
Verificações em caso de indicações de vazamento no manômetro:
Uma indicação de até 5% de vazamento não representa problemas para o motor, pois um pequeno desgaste nos cilindros e anéis pode acusar este índice. Contudo se as indicações ultrapassarem 10% podem comprometer a eficiência de queima da mistura ar/combustível resultando em perda de potência, consumo de combustível e alto índice de emissões.
É considerado normal o consumo de óleo lubrificante do motor, podendo baixar o nível do óleo em níveis indicados no manual do proprietário.
Vejamos alguns fatores que interferem no consumo excessivo de óleo.
Retentores de válvulas: Má vedação dos retentores de válvulas na haste da válvula pode permitir a passagem de óleo para o cilindro além do normal. Durante o movimento de abertura da válvula, uma película de óleo fica na haste para manter a lubrificação e acaba entrando em contato com o cilindro, queimando juntamente com a mistura ar/combustível. A passagem de um volume de lubrificante excessivo não é normal e exigirá a verificação com a desmontagem do cabeçote.
Haste e guias de válvulas: As hastes das válvulas têm folgas controladas para que os vedadores controlem a passagem de óleo e mantenham as válvulas perfeitamente seladas nas sedes. Durante o movimento de abertura da válvula, folga excessiva na guia de válvula pode provocar movimentação angular da haste, forçando assim o retentor e, com o esforço repetido, permitirá a passagem do óleo para a câmara de combustão. Neste caso também será necessário a desmontagem do cabeçote para verificação.
Anéis de segmento e pistões: Os anéis de segmento e os pistões podem sofrer desgastes por deficiência de lubrificação, sobrecarga do motor, superaquecimento ou até desgaste natural, e podem provocar baixa pressão de compressão, alto consumo de óleo e combustível, perda de rendimento do motor, vazamentos de óleo e emissões de poluentes.
Perda de performance por desequilíbrio de compressão – Ocorre quando parte da mistura ar/combustível atinge o cárter, provocando diferença na compressão final em relação a outros cilindros do motor, o que causa funcionamento irregular e até falhas em determinados regimes do motor. É necessário verificar os componentes do motor que vedam a câmara de combustão e podem apresentar vazamentos
Passagem de óleo lubrificante para a superfície do pistão – O desgaste entre anéis ou canaletas do pistão permite a passagem de óleo tanto entre anel e cilindro, como anel e canaletas do pistão, de forma que o óleo alcance a superfície do pistão, contaminando a mistura a ser queimada. Isso forma uma fumaça branca azulada na saída dos gases em motores movidos a gasolina e uma fumaça um pouco mais clara em motores a etanol.
Carbonização na cabeça do pistão – O acúmulo de óleo na cabeça do pistão pode não ser totalmente queimado, transformando-se com o tempo em crostas de carvão mudando a geometria do pistão, o que prejudica o perfeito funcionamento.