A sua reação pode ser “ufa, ainda bem que está acabando” ou “ah, que pena que está acabando”, mas independentemente de sua avaliação, muitas coisas que aconteceram neste ano, são sinais do que esperar no próximo. Acompanhe nossa retrospectiva 2021 e expectativas 2022.
Desde o começo de 2021 a expectativa do mercado de reposição de autopeças era positiva, pois repetir o ano anterior seria um desastre total. Com o início da vacinação contra a covid-19, a flexibilização das regras de distanciamento social e as atividades retornando gradativamente ao normal, era de se esperar um aquecimento mais acelerado nos negócios de reparação automotiva e venda de autopeças no primeiro semestre, estabilizando para um crescimento normal ao longo do segundo semestre, até atingir um patamar normal.
O que não era esperado foi o repentino desabastecimento de semicondutores para a indústria automobilística, o que provocou a queda na fabricação e venda de veículos novos e o aumento gigantesco das taxas de juros e da inflação. Essas condições resultaram em menor oferta de veículos novos e, também, na pouca disponibilidade de crédito e capital para aquisição de novos veículos.
Outro ponto que preocupou a indústria automobilística foram os preços dos combustíveis, que também influenciou na entrada de novos proprietários de veículos e, simultaneamente, reduziu o uso de veículos nos deslocamentos.
Essas variáveis alcançaram todos os agentes do setor automotivo, porém, teve menor impacto no aftermarket. O que se verificou foi um crescimento considerável na venda de autopeças, com a Sindipeças apontando um incremento de 18,1% em relação ao faturamento do ano anterior, índice que superou as previsões do começo do ano, que projetava um crescimento de 14,6% neste ano.
Essa mesma percepção do Sindipeças é observada no setor de reparação automotiva pela CINAU – Central de Inteligência Automotiva, organismo de pesquisa vinculado ao jornal Oficina Brasil, que previu no começo do ano que o crescimento do mercado de reposição alcançaria dois dígitos e no acumulado até outubro de 2021 já registrava um índice de crescimento de 10,26% em relação ao período anterior, prevendo que os números devem ser até melhores, uma vez que novembro e dezembro são meses bons para o setor.
Estes dados constam do relatório Pulso do Aftermarket, que é uma análise da média de passagens nas oficinas, medida pela CINAU em 14 estados que abrigam aproximadamente 90,96% da frota circulante no País.
O que podemos esperar de 2022?
Com certeza as condições de mercado devem continuar as mesmas, com o retorno pleno das atividades e as pessoas desejando viajar para recuperar o período de isolamento, o que representará mais consumidores demandando produtos e serviços. Como existe uma forte dependência da importação, a falta de peças continuará num patamar elevado.
A dificuldade em obter peças de reposição é um grande problema para as oficinas de reparação, pois gera perda de serviços ou atrasos na entrega de serviços. Ao longo do ano passado quase 60% das oficinas independentes tiveram dificuldades para encontrar peças, sendo que 38% das empresas optaram por delegar a compra de peças para os clientes para evitar transtornos e inadimplência, além de acessar as compras em ambientes virtuais com mais frequência.
No cenário econômico também não são esperadas mudanças, pois nada indica que a inflação irá recuar e os preços serão reduzidos, dando um alívio nas contas dos consumidores, principalmente, no quesito combustíveis, que compromete a utilização dos veículos.
Por outro lado, essas condições econômicas não ajudam a venda de veículos novos, o que de forma direta interfere na venda de usados e seminovos, assim como na reparação dos modelos em circulação. Segundo análise dos especialistas da CINAU, estes dois mercados sempre andam de mãos dadas, pois a demanda de usados e seminovos equivale a demanda por serviços e peças.
Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, é mais cauteloso em suas análises, embora o setor trabalhe com a expectativa de um aumento de 10% no faturamento para 2022: “No próximo ano, os juros altos irão afetar o consumidor. Mas só teremos como analisar melhor o cenário quando a produção puder atender toda a demanda”, analisa o executivo.
Num resumo bastante realista, podemos concluir que o mercado de autopeças e reparação automotiva continuará crescendo, pois nossa frota ficou um ano mais velha e exigirá reparos mais frequentes, com as empresas do setor independente sendo responsáveis por mais de 80% dos atendimentos.
Da mesma forma, mesmo com os combustíveis com preços na estratosfera, as pessoas continuaram viajando e isso exigirá cuidados em revisões preventivas e corretivas.
O trabalho virtual e o comércio eletrônico são tendências irreversíveis e só devem crescer. Se por um lado o trabalho em ambiente virtual ou híbrido entre virtual e presencial diminui o uso de veículos para deslocamentos diários, mas também libera mais tempo para viagens e permite mais tempo livre para passeios e outros deslocamentos com o veículo em situações de lazer.
O que podemos afirmar com certeza é que a SABÓ completará 80 anos de existência em 2022 e continuará apoiando as empresas e profissionais do aftermarket. Mais uma certeza: estaremos trabalhando os 365 dias do ano com esse intuito.