A inserção e o reconhecimento do trabalho da mulher em segmentos tradicionalmente dominados por homens, como o de reparação de veículos, não apenas desafia estereótipos e barreiras de gênero, mas também enriquece o setor com novas habilidades, competências e uma perspectiva única para a profissão.
Um dos nomes mais conhecidos para as mulheres no segmento é o da Agda Óliver, proprietária da oficina Meu Mecânico, no Distrito Federal. Uma das pioneiras nesse movimento, abrindo caminhos para que outras mulheres também possam ingressar e se destacar nesse campo, Agda foi ganhadora do Prêmio Internacional Empreendedorismo ONU WBA em 2020, após participar do Programa EMPRETEC do Sebrae.
Outro exemplo inspirador desse movimento é o trabalho da influenciadora Bárbara Brier, idealizadora e fundadora do selo de responsabilidade social, Oficina Amiga da Mulher. Com mais de 110 oficinas mecânicas cadastradas em todo o país, essa iniciativa oferece através de uma série de treinamentos ministrados pela própria Bárbara, um ambiente acolhedor e inclusivo para que as mulheres possam levar seu veículo para consertar sem qualquer receio. As empresas certificadas tornam-se espaços onde não apenas se realizam reparos veiculares, mas também se constroem uma rede de apoio e confiança entre profissionais e clientes.
Além do selo, a Bárbara ainda ministra cursos de Mecânica Básica para mulheres que se interessam pelo assunto, para terem também mais conhecimento e segurança na hora de conversar com um mecânico e levar seu carro à oficina.
Com uma outra abordagem, voltado para gestoras de oficinas, o projeto Mulheres na Reparação, idealizado pela consultora Roberta Sodré, do SEBRAE-SP capital Oeste, capacitou gratuitamente durante três meses de mentorias nas diversas áreas que compõem a gestão mais de 30 oficinas do estado de São Paulo.
A orientação continua através do grupo de WhatsApp formado com o mesmo nome do projeto, mas que atualmente conta com mais de 350 mulheres de todo o Brasil.
No mesmo exemplo do grupo de WhatsApp, seguem também oferecendo apoio, troca de informações e relacionamento, o Donas de Oficina (administrado pela Bárbara Brier – com mais de 150 mulheres) e o Elas na Mecânica, (administrado pela Déborah Rodrigues e Mariana Reynauld – com 300 participantes) desempenhando um papel fundamental na construção de uma comunidade unida e solidária de mulheres que compartilham experiências, conhecimentos, recursos e até mesmo desabafos e conselhos.
Recentemente constituído, mas não menos experiente, o Instituto Mulheres V8 ou simplesmente Instituto MV8, idealizado pela Eva Paiva, filha de dono de oficina, saiu de um pequeno grupo de gaúchas no WhastApp fundado durante a pandemia para que pudessem continuar trocando informações, tirando dúvidas, dando dicas de manutenção, para se tornar uma empresa educacional, desempenhando um papel fundamental na capacitação e no desenvolvimento das mulheres nesse setor, já tendo impactado mais de 1.000 mulheres.
Com mais de 560 participantes de todo o Brasil no WhatsApp e contando com o apoio de indústrias mantenedoras, o instituto está se estruturando para oferecer treinamentos abrangentes no Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina e que vão desde aspectos técnicos até questões de gestão, finanças, vendas e até mesmo apoio psicológico e motivacional.
Inclusão e diversidade já são realidade na reparação
É importante destacar que o impacto do trabalho das mulheres na reparação de veículos vai além do aspecto profissional. Ao desafiarem estereótipos de gênero e assumirem papéis anteriormente reservados aos homens, elas estão promovendo a igualdade de oportunidades e inspirando outras mulheres a perseguirem seus próprios sonhos, independentemente das barreiras impostas pela sociedade.
Apesar de ainda serem maioria na parte administrativa, muitas delas já se destacam também na parte operacional e não têm medo de pôr a mão na graxa, vestir um macacão e sujar a botina de óleo.
Quando o assunto é carro, muitas estão se dedicando à formação de mecânica automotiva, através de cursos de capacitação oferecidos pelo SENAI, por ETECs, pela Escola do Mecânico, por faculdades de Engenharia e muitas palestras técnicas, incluindo as oferecidas por tantas indústrias de autopeças. E com certeza merecem todo o respeito pelo seu esforço, dedicação e empenho.
Não é fácil ser mulher em qualquer que seja a área dentro de uma oficina.
Valorizar o papel das mulheres nesse e em outros segmentos é fundamental para promover a igualdade de gênero e criar um mundo mais justo e inclusivo, onde todos tenham oportunidades iguais de sucesso e realização, com reconhecimento efetivo não apenas no dia 08 de março, mas por todos os próximos anos, décadas e muito mais!
Texto: Paula Skoretzky / PSC Comunicação – Assessoria de Imprensa SABÓ
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