Com certeza tem uma caixa cheia de parafusos usados guardada em algum canto da oficina. Pode conferir, não tem nenhum parafuso de cabeçote lá? Se tiver, separe e jogue fora. Esses não podem e não devem ser reutilizados.
Continue lendo para saber o porquê.
Basicamente, eles têm a mesma função dos demais parafusos, ou seja, prender ou unir duas peças ou sistemas. A diferença está no processo de fabricação e deformação programada do componente. Isso acontece devido às condições de utilização, pois os parafusos de cabeçote alteram suas dimensões e características iniciais ao longo do tempo e mantém essas modificações mesmo após serem removidos.
A função dos parafusos de cabeçote é prender o cabeçote ao bloco do motor do veículo e isso requer muita precisão e perfeito contato para impedir vazamentos de água, óleo e perda de compressão.
Na troca e/ou reparação do cabeçote devemos sempre usar parafusos novos no momento da montagem, pois a reutilização dos parafusos pode acarretar problemas no veículo e retrabalho para a oficina.
A partir do aperto dos parafusos, realizado na montagem inicial, é natural que ocorra um acomodamento das dimensões durante sua vida útil e o material sofra um estiramento. Ao remover os parafusos para desmontagem do cabeçote, esse estiramento já estará estabelecido e a montagem do cabeçote com os mesmos parafusos retirados na desmontagem não permitirá essa elasticidade necessária para acomodação à rosca do bloco.
Sempre que desmontar o cabeçote, para manter o assentamento de forma correta entre o cabeçote e o bloco do motor, use parafusos novos.
Tipos de parafusos para cabeçotes
Existem basicamente dois tipos de parafusos utilizados na fixação dos cabeçotes.
Parafusos de zona elástica – O material tem um comportamento semelhante a um elástico, pois se alonga quando aplicada força de tração e retorna às condições iniciais após a interrupção do alongamento.
Parafusos de zona plástica – Neste caso, o material pode ser comparado ao plástico, que se alonga quando aplicada força de tração e não retornam mais às condições iniciais após a interrupção do alongamento.
Outra característica que diferencia os tipos de parafuso é na forma de aperto, que implicará na zona de trabalho do material do parafuso conforme explicado acima. Existem duas formas de aplicar o torque nos parafusos de cabeçote, conforme a seguir:
1) Parafusos com aperto controlado por torque medido (Kgfm)
São parafusos projetados para não sofrerem deformação permanente durante o processo de aperto. Isto significa que durante o aperto o seu material permanece na zona elástica e que retornará às condições iniciais após interromper a aplicação das cargas.
2) Parafusos com aperto controlado por torque medido (Kgfm) + torque angular (em graus)
Com a evolução dos veículos, veio a necessidade de desenvolver um sistema de torqueamento de cabeçote mais eficiente, que pudesse minimizar a influência do atrito dos parafusos e distribuir melhor a carga de aperto. Este novo sistema de torque angular consiste, basicamente, em aproveitar ao máximo o aperto dos parafusos. Ou seja, primeiro se efetua o torque medido (Kgfm) e, posteriormente, se faz o torque angular (em graus), de acordo com as
especificações do fabricante.
Estes parafusos são projetados para sofrerem deformação permanente durante o processo de aperto. Isto significa que estes parafusos entram na zona plástica do material (figura 2) e não podem ser reutilizados devido à deformação permanente.
Cuidados
Parafusos com aperto errado, seja por torque ou ângulo, poderão deixar o cabeçote empenado, além de deixarem espaços entre o cabeçote, a junta de vedação e o bloco do motor. Resultado: vazamentos e perda da compressão.
O aperto excessivo dos parafusos também pode danificar o bloco, deformar as camisas e gerar perda de compressão, além de provocar queima do óleo ou até mesmo quebrar o parafuso durante o funcionamento do seu veículo. Fique sempre atento às especificações técnicas da montadora na hora de reparar o motor.
A correta aplicação do torque medido (Kgfm) e do torque ângulo (em graus) especificados, garantem as condições de estanqueidade da junta de cabeçote, assegurando desta forma uma excelente vedação dos gases de combustão e dos fluidos circulantes no motor.
Ter que refazer a desmontagem do cabeçote exigirá sempre a substituição da junta, além de outros procedimentos, o que significa prejuízo e retrabalho para a oficina. É melhor fazer certo e usar parafusos de cabeçote novos.
Você não vai querer refazer o trabalho por conta de um simples jogo de parafuso, não é mesmo?
Lembre-se sempre: desmontou o cabeçote, parafusos novos na montagem. E não se esqueça de usar parafusos de cabeçote SABÓ.
Se precisar de mais informações, acesse o portal SABÓ na internet. Temos um farto material técnico para ajudá-lo. Clique nas imagens abaixo e assista a alguns vídeos sobre o assunto.